A série Ponto Pixel explora os limites entre o efêmero do digital e a permanência da materialidade artística. A proposta parte de uma técnica mixed media que envolve pintura sobre papel, digitalização, modelagem 3D e impressão fine art em papéis de alta permanência museológica. Esse processo cria uma tensão entre o gesto manual inicial e as camadas de tradução tecnológica, onde cada estágio acrescenta ruídos, texturas e novas leituras.

A artista transforma borrões de tintas em pixel — pixels em pontos — pontos em malhas de paetês virtuais — uma transmutação que ressignifica a lógica da tela em tramas visuais. Essas tramas se aproximam de bordados, evocando referências da moda, campos nos quais Luzbela atuou por mais de oito anos como estilista. Assim, os pixels resulta em abstração geométrica ao propor do deslocamento do pixel

 — unidade mínima da imagem digital — para o ponto material que ocupa o papel.

A série questiona: como reter e certificar aquilo que, em essência, é transitório? Nesse gesto, os pixels se tornam agentes de memória, em uma pele que remete tanto ao vestígio artesanal quanto o código binário.

Ponto Pixel não é parte da minha investigação sobre processos híbridos, nos quais as linguagens digitais e manuais se entrelaçam entre tempos, texturas e tecnologias.

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